Oi Gente ❥ Algumas histórias a gente guarda por um tempo. Ás vezes porque precisa de um tempo pra digerir, pra entender o que aquela experiência mudou na gente. Foi só agora, cinco anos depois de ter quebrado a patela, que senti vontade de escrever sobre isso aqui. Talvez o que tenha acendido essa vontade tenha sido uma imagem — uma obra de arte feita a partir de um raio-X com flores, que vi numa exposição da Frida Kahlo. Aquela imagem me atravessou de um jeito que poucas coisas fazem. Eu olhei e pensei: “sou eu ali”. Revi essa imagem depois de algum tempo na minha galeria de fotos e não poderia deixar passar.
Raio X de perfil de uma perna
Fêmur: o osso mais longo, acima da articulação;
Tíbia: logo abaixo, mais espesso e robusto;
Patela (rótula): aquele osso arredondado na frente da articulação;
Fíbula: esta presente mais ao fundo, na imagem ela parece menos evidente.
❤
Tudo aconteceu ainda na pandemia de COVID-19. O mundo estava se recuperando do avesso que ficou, quando eu escorreguei no piso molhado da minha casa. Um tombo bobo, desses que poderiam ser só motivo de risada mas acabou me levando direto pro centro cirúrgico. Quebrei a patela esquerda {a famosa rotula do joelho} em duas partes e precisei de uma cirurgia para unir os fragmentos com uma banda de tensão. Um ano depois, já andando fiz outra cirurgia para retirar esse material que me machucava tanto fisicamente, quanto psicologicamente.
A recuperação foi longa, física e emocional. Tive que lidar com dores, limitações e, principalmente, com a paciência. E não falo só da paciência para esperar o tempo passar. Falo da paciência para ver meu corpo reaprender o que parecia tão simples. Eu praticamente reaprendi a andar. A perna esquerda, em especial, exigiu um cuidado enorme. Os músculos pareciam ter esquecido de como se movimentavam. Cada pequeno avanço era uma vitória silenciosa. Cada degrau, um desafio. Cada dia, um novo teste de coragem e dor.
Durante muito tempo, minha cicatriz no joelho me lembrava apenas da dor. Mas o tempo, e talvez aquela imagem linda da Exposição Imersiva da Frida Kahlo, foram mudando meu olhar. Hoje eu entendo que essa marca também conta sobre a minha força. Sobre tudo que resistiu e floresceu, mesmo nos dias mais escuros. Eu sei que muitas pessoas passam por dores infinitamente maiores, fraturas irreversíveis, mas pra mim, uma pessoa super ativa que nunca tinha me machucado, foi um golpe forte.
Hoje eu tô bem ♡ Caminho com firmeza, carrego essa história com menos peso e mais carinho. A cicatriz ainda está aqui, mas agora ela me lembra do que eu fui capaz. Que meu corpo se reconstruiu, que minha alma se reergueu.
Escolhi publicar esse texto justamente hoje, no aniversário de cinco anos do meu acidente. Porque cinco anos depois, não sinto mais só dor quando penso nesse dia. Sinto força. Sinto orgulho. Sinto flores crescendo onde antes só havia fratura.
Espero que essas palavras tragam um pouquinho de reflexão pra você, que esta se recuperando de algo. Uma palavra de paciência e compreensão. Agradeço também se você leu com amor e empatia. Bjs ❥
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